Portrait D’eux, um olhar intimista sobre cinema, ídolos, sonhos e o lugar da mulher na sociedade moderna
Isso, porém, é explorado
de maneira extremamente criativa, uma vez que a obra conta com cinco segmentos
principais e em cada um deles aprendemos um pouco sobre a história (e também
sobre a pessoa em si) das mulheres que compõem o grupo. Cada segmento nos
apresenta a uma integrante diferente e, a partir deles, podemos observar um
pouco sobre aquela pessoa, sobre seu passado, seus gostos, suas inspirações e
aspirações para o futuro e, principalmente, sobre como as causas anteriormente
mencionadas entraram e afetaram as suas vidas.
Todas as integrantes
também trazem uma referência, uma mulher cuja história pode ser relacionada com
a sua própria de alguma forma, seja em dificuldades em comum, seja em uma
relação de admiração e referência, o que ajuda a criar a conexão de situações
absurdas do passado com as mesmas situações absurdas que ainda ocorrem hoje em
dia, um feito muito mais difícil de se alcançar do que talvez possa parecer e
um grande acerto por parte da obra.
Vez que cada segmento é
basicamente um monólogo, a produção acerta em usar de arquivos pessoais, fotos
e vídeos de infância, e de algumas sequências em que cada integrante do grupo
interpreta brevemente em estúdio as mulheres que trazem como referência. As
mulheres citadas também têm uma característica em comum, foram silenciadas, de
alguma forma, por serem mulheres, fato que torna o resgate destas situações e
destas mulheres dentro da obra (pensada e executada por jovens e, em grande
parte, por mulheres) quase um ato simbólico. Isto, junto com a estética
documental e o formato onde todas as integrantes contam a sua própria história
antes de ligá-la com a de sua referência, permite que os temas sejam abordados
com a naturalidade única das histórias reais, bem como torna muito mais fácil o
processo de identificação do que está ali sendo retratado.
Porém, mesmo entre os
vários pontos positivos aos quais eu poderia falar sobre em páginas e mais
páginas, a meu ver existe um que merece destaque especial, a sensibilidade e
honestidade que a obra consegue entregar ao público. Veja, os assuntos tratados
não são simples, longe disso, e alguns dos casos trazidos são realmente muito
complexos e densos, até mesmo pesados eu diria, mas a obra consegue navegar
lindamente por esses temas e, a partir da validação destas histórias, nos
apresentar também as jovens que compõem o grupo, seus objetivos, desejos,
gostos e também dúvidas e dificuldades e é justamente na maneira como cada uma
relaciona as situações vividas por elas com as situações vividas por aquelas
mulheres que vieram antes delas que a obra brilha mais forte do que qualquer
coisa que eu tenha visto em um bom tempo, pois conseguir se expor desta forma
na frente de uma câmera para que o mundo ou mesmo uma pessoa que seja não é uma
tarefa fácil, e extrair do espectador um sentimento de esperança ao fim de tudo
é ainda mais difícil, e a obra realiza ambas as coisas com perfeição.
Por último, eu gostaria
de deixar aqui citar aqui uma frase dita por Beatriz Paranhos (Protagonista em
um dos segmentos da obra e membro da Catártica filmes) Quando questionada “Qual
parte da obra você mais gostou e por que ?” sua resposta foi “... acho que a
parte que eu mais gostei é quando eu falo sobre mim ... e isso é muito legal, é
um exercício mesmo de perceber, de olhar aqui pra dentro e entender o que é que
me move, o que é que grita, o que é que chora, o que é que dói, o que é que me
afeta...” Trago essa parte em específico pois sinto que, ainda que tenha vindo
de uma das pessoas responsáveis pela produção da obra, estes são os mesmos
sentimentos que a obra desperta em seu público, e esse é um convite a reflexão
que simplesmente não tem preço.
A obra Portrait D’eux se encontra disponível, completa e gratuitamente, no canal do YouTube da Catártica Filmes, juntamente com outras obras da produtora:
https://www.youtube.com/@catarticafilmes9090
Siga também no Instagram: @catarticafilmes e @portraitdeux






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