Análise - Especial Dia das Crianças

            A Evolução das Princesas da Disney

Wi-fi Ralph: quebrando a internet, 2019

As Princesas da Disney é franquia que iniciou-se em 1937 com lançamento do primeiro longa-metragem animado do estúdio “Branca de Neve e os sete anões”, abriu portas para outras personagens clássicas e conhecidas no mundo todo, nas eras de ouro, prata e bronze do estúdio, até a década de 70. Reformas no estúdio trouxeram, no fim dos anos 80 até o presente, as eras da renascença e pós-renascença. Qual a diferença entre elas? Principalmente o comportamento das personagens.

Independente da época de lançamento, as personalidades moldaram e serviram de espelho para seus expectadores. Com o passar dos anos, várias crianças foram influenciadas por filmes da Disney Studios, clássicos como princesas e outros fizeram parte da vida da maioria das pessoas durante sua infância. Mas como foi realmente essa influência e como esta transformou-se com os anos? As mudanças na sociedade foram fundamentais para as modificações de enredo e personagens, falando mais especificamente sobre os filmes de princesas.

A comparação é simples: As princesas deixam de ser protagonistas passivas, nas quais a trama corre para suas conquistas, e passam a ser ativas, fazendo elas mesmas a trama andar. Exemplos mais claros disso são a bela adormecida, Aurora, que mesmo sendo trazida como protagonista do filme, não é responsável pelos movimentos narrativos da história. Também nas primeiras eras, a maior conquista das princesas ao fim do filme era o casamento, supondo que estas seriam mães e atuariam como rainhas. Tal pensamento era influenciado pelas famílias a ser reproduzido pelas meninas. Ao longo da evolução das eras, outros rumos foram implantados nas tramas, deixando as princesas mais aventureiras e corajosas, como por exemplo as princesas na Era da Renascença e Pós-Renascença, como A Pequena Sereia (1989), protagonizado por Ariel, Mulan (1998) ou Moana (2016). Todas as citadas anteriormente têm suas tramas independente, por exemplo, do casamento.

Cinderela, 1950

A principal reflexão que podemos ver é que, historicamente, as mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço em suas próprias vidas, fazendo suas escolhas e, com isso, tendo destinos diferentes a depender das suas escolhas. Ao contrário da Cinderela, que mesmo sabendo o que queria, não tinha a oportunidade de buscar uma vida melhor por acreditar (e ter tal pensamento reforçado por todos a sua volta) que seu papel seria realmente de cuidar da sua casa e sua família, independentemente de como vivia ali, bem ou mal. Já a Ariel ou a Bela (A Bela e a Fera, 1991), saíram da sua zona de conforto e conseguiram ir atrás de vidas melhores, conforme as próprias noções do que seria bom para elas mesmas. Muitas das princesas trazidas na renascença lutam na sua jornada contra, muitas vezes, seu próprio povo que ainda vive com a mentalidade do passado, mostrado claramente as vezes em números musicais, sendo então elas as heroínas a darem o primeiro passo em direção a sua própria liberdade e independência.

O que isso reflete na sociedade? A Disney é uma empresa muito voltada para o público infantil, assim então sendo também uma responsável pela formação de caráter de tal público. Atualmente o cuidado que o estúdio tem com a questão da influência positiva para crianças que os filmes mais novos, mesmo de princesas, são lançados com nomes que não remetam apenas ao público feminino, como “Enrolados”, história da Rapunzel, ou “Frozen”, ou até mesmo “Valente”, do estúdio da Pixar – a princesa Mérida foi declarada como parte da franquia por sua bravura. Trazer mulheres cada vez mais fortes e com jornadas diferentes, faz com que os espectadores, principalmente as meninas, se espelhem nas princesas e possam ver que existem diversas vidas a serem seguidas, e que lutar pelo seu lugar não é errado. Assim como fisicamente, as princesas têm hoje sonhos e aventuras diferentes.

Raya e o último dragão, 2021

É extremamente importante para crianças (ou público de qualquer idade), que estão em sua fase de formação, verem princesas que possam se identificar, assim também princesas de diferentes etnias, cores, raças, personalidades e interesses são cada vez mais postas em tela. A princesa mais nova, apresentada em 2021, Raya, é um exemplo dessa transformação da visão da mulher, sendo uma guerreira muito habilidosa e com, até então, a personalidade mais diferente, se comparada ao padrão iniciado com Branca de Neve, que vem mudando acompanhando a sociedade que está também em constante evolução.


Escrito por: Isa Araújo Oliveira

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