Análise: Relação da Pixar e o público infantil

Sucesso entre as crianças (e adultos), a Pixar sempre foi um estúdio responsável por tratar temas sensíveis de uma forma dinâmica e leve, assim sendo compreensível para seu público-alvo infantil. Os últimos lançamentos reforçam ainda mais essa visão e ciência de sua responsabilidade para com as crianças que assistem as obras. Assim, a animação torna-se uma ferramenta preciso para brincar com a realidade dentro do universo da obra e com a interpretação do espectador. 

Com isso, notam-se mudanças nos filmes mais novos, como os protagonistas infantis e o reflexo destes na trama e até na estética e estilo do filme. A mente da criança vê e processa os acontecimentos completamente diferente de adultos, sendo assim, para um filme livre para todos os públicos, ou seja, não exclusivamente para crianças, mas que seja possível de qualquer um entender e gostar, é importante que haja a identificação de todos. A Pixar tem abordado temas universais, como a infância, algo que todos vivem ou já viveram, e tramas mais próximas a realidade do espectador.

Os últimos dois filmes do estúdio brincam com a imagem na tela, refletindo muito mais como as crianças estão vendo, ou melhor, imaginando e sentindo o momento do que a “realidade” dentro daquele universo, como em “Luca”, 2021, que temos acesso à imaginação do protagonista de como ele sonha os momentos, tal como as estrelas serem vistas como peixes ou a ingenuidade sobre dinheiro. Até retratando coisas que, em teoria, são impossíveis, como uma vespa voar. Estas cenas retratam muito bem a pureza que as crianças enxergam algumas situações. Até mesmo a estética da animação modifica-se nesses momentos, comunicando o espectador que não é real na trama, mas também nos levando ao extremo no sentimento da emoção vivida.

Em “Red: crescer é uma fera”, 2022, podemos ver mais momentos de como os personagens se sentem unicamente como comunicação visual por meio da liberdade trazida pelo estilo de animação entre o filme e o espectador, não existente na realidade do filme, mas que influencia diretamente no nosso entendimento sobre a obra. Em diversos momentos nos pegamos vendo aspectos de estilo asiático misturado com a animação do filme, como os olhinhos das personagens em momentos de emoção ou alegorias de emoções como desapontamento ou raiva com símbolos muito conhecidos e usados em animes ou mangás.

Outro filme do estúdio que brinca com a realidade e a imaginação é “Divertidamente”, 2015, literalmente abordando como seria o funcionamento da mente humana de forma muito simples e didática, cativando todos os públicos. Nesse filme temos diversas metáforas de como funciona a imaginação e as emoções, inclusive trazendo elementos abstratos, como sonhos, memórias, medos, e até o próprio sentimento, descontruindo formas e cores. Este é um exemplo perfeito de a experiência, a depender de quem esteja assistindo, seja criança ou adulto, pode mudar completamente.

Essa é uma mudança para o estúdio, além de conseguir se conectar mais diretamente com o público, assim criando laços e um sentimento de nostalgia maior, também é mais assertivo em seu objetivo de provocar diferentes emoções e reflexões. Também percebemos representações diferentes de crianças, principalmente em “Red”, o que pode estar encaminhando para filmes infantis cada vez mais dentro da realidade. Cinema e TV podem ser grandes formadores de caráter quando se é uma criança, e a Pixar, sabendo desta responsabilidade, busca melhorar cada vez mais seus filmes, trazendo temas como família e amigos, escola, sonhos e imaginação, ajudando seu público infantil a entender esses cenários sem esquecer o entretenimento e a diversão.

Todos os filmes citados estão disponíveis no streaming Disney+ e tem classificação indicativa livre.


Isa Araújo Oliveira

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