Resenha: Eu não sou um Homem Fácil, 2018.

“Eu Não Sou Um Homem Fácil”, é um filme francês de 2018 com direção e roteiro de Éléonore Pourriat. A diretora e roteirista também é responsável pelo curta Maioria Oprimida, que se tornou viral na internet ao propor de forma cômica e sarcástica um universo onde os homens sofrem abusos e assédios pelas mulheres dominantes na sociedade.

Damien é o típico estereótipo de um homem machista. Além de ser um conquistador, trata mulheres como objetos e pensa existir exclusividades de gênero, como roupas e tipos de bebida. Conforme caminhava pelas ruas, a vida resolve lhe dar uma lição e recorre a uma maneira nada gentil de fazer isso. Damien bate a cabeça em um poste, literalmente, e acorda em um mundo invertido. Nele, homens e mulheres têm seus papéis trocados em todos os sentidos.


A história é sobre Damian, um homem machista que acaba indo parar em um universo paralelo, onde os papéis de gênero são trocados e ele vai percebendo aos poucos o quanto é difícil ser uma mulher na sociedade atual. De maneira cômica e irônica, mulheres passaram a classificar os homens como sexo frágil. Depilação se tornou algo destinado (e quase obrigatório) ao gênero masculino. O romantismo se tornou raro entre as garotas, que apresentam a fama de serem infiéis. Os cargos de importância e liderança são todos ocupados por mulheres, que correm pelas ruas sem camisa e sem a preocupação de serem assediadas. Ao decorrer da história, Damian lida com várias formas de assédio e preconceito, ele conhece uma escritora de grande nome no mercado chamada Alex, ele tenta se aproximar dela, pois já conhecia ela do seu mundo, porém Alex apresenta um comportamento super machista, o que incomodou Damian mas ao longo do filme eles se aproximam e ele acaba contando sobre o seu mundo e os diferentes papéis de gênero, Alex se surpreende e acha tudo uma loucura, porém decide gravar todas as conversas para fazer dessa história dele um livro. Os dois acabam se apaixonando, mas no final Damian se sente usado por Alex por causa do livro e em uma discussão que tiveram, Alex acaba desmaiando e acordando na realidade de Damian, então ela percebe que tudo que ele falava, não era um completo absurdo.

Esse filme passa a realidade das mulheres em nossa sociedade de forma engraçada praticamente na história toda, o que eu acho perigoso, pois se o humor ficasse demais, poderia acabar romantizando certas atitudes, que são claramente desconfortáveis para as mulheres, porém o longa não deixa essa impressão, o humor na medida certa faz com que quem está assistindo, apenas abra os olhos para situações pequenas mas que causam um grande impacto nas vítimas, é até de estrema Importância que esse tipo de assunto, com o assédio, seja retratado de forma mais leve mas sempre passando a mensagem que esse ato é totalmente repulsivo, até pelos casos de assédio que rodeiam Hollywood. O personagem principal mesmo passando por várias formas de assédio e descriminação, não parece ter um desenvolvimento muito grande em questões dos seus valores, do início ao fim do filme, ele continua sendo machista. Acredito que a escritora e diretora da obra, fez isso de propósito, ela apresenta situações que são nitidamente erradas e faz com que o protagonista não veja o erro, para que nós percebemos o quanto é difícil entrar na mente de uma pessoa que é machista.

A atuação nesse filme é outro aspecto positivo, dando destaque a Vincent Elbaz e Marie Sophie Ferdaneé, que são os protagonistas da trama, eles conseguem realmente se encaixar nos personagens e apresentar uma performance muito boa juntos, a Marie como uma mulher poderosa e que utiliza de seu poder para usar os homens como objetos e o Vincent que interpreta o típico machista que não sabe expressar seus sentimentos.



O filme em si é uma crítica, a forma que as mulheres são tratadas na nossa sociedade e de como movimento como o feminismo, que luta pela igualdade de gênero, é diminuído e ridicularizado até mesmo pelas próprias mulheres, isso é abordado no filme de uma forma bem transparente. Esse longa foi uma surpresa para muita gente, por ser considerado como comédia romântica e também pelo fato de ser um filme francês, mostrando novamente que não se pode julgar o filme pelo país que ele vem e sim pelo conteúdo apresentado nele.

O Público-alvo desse filme, por se tratar inicialmente de uma comédia romântica, é para um público em geral, porém, quando se vê que o filme se trata de uma grande crítica social, ao máximo estrutural da nossa sociedade, é evidente que esse filme tem o público alvo para as pessoas que são machistas, não só homens como mulheres também.


Por Gabriel Sena

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