“Eu Não Sou Um Homem Fácil”, é um filme francês de 2018 com direção e roteiro de Éléonore Pourriat. A diretora e roteirista também é responsável pelo curta Maioria Oprimida, que se tornou viral na internet ao propor de forma cômica e sarcástica um universo onde os homens sofrem abusos e assédios pelas mulheres dominantes na sociedade.
Damien é o típico estereótipo de
um homem machista. Além de ser um conquistador, trata mulheres como objetos e
pensa existir exclusividades de gênero, como roupas e tipos de bebida. Conforme
caminhava pelas ruas, a vida resolve lhe dar uma lição e recorre a uma maneira
nada gentil de fazer isso. Damien bate a cabeça em um poste, literalmente, e
acorda em um mundo invertido. Nele, homens e mulheres têm seus papéis trocados
em todos os sentidos.
Esse filme passa a realidade das
mulheres em nossa sociedade de forma engraçada praticamente na história toda, o
que eu acho perigoso, pois se o humor ficasse demais, poderia acabar
romantizando certas atitudes, que são claramente desconfortáveis para as
mulheres, porém o longa não deixa essa impressão, o humor na medida certa faz
com que quem está assistindo, apenas abra os olhos para situações pequenas mas
que causam um grande impacto nas vítimas, é até de estrema Importância que esse
tipo de assunto, com o assédio, seja retratado de forma mais leve mas sempre
passando a mensagem que esse ato é totalmente repulsivo, até pelos casos de
assédio que rodeiam Hollywood. O personagem principal mesmo passando por várias
formas de assédio e descriminação, não parece ter um desenvolvimento muito
grande em questões dos seus valores, do início ao fim do filme, ele continua
sendo machista. Acredito que a escritora e diretora da obra, fez isso de
propósito, ela apresenta situações que são nitidamente erradas e faz com que o
protagonista não veja o erro, para que nós percebemos o quanto é difícil entrar
na mente de uma pessoa que é machista.
A atuação nesse filme é outro
aspecto positivo, dando destaque a Vincent Elbaz e Marie Sophie Ferdaneé, que
são os protagonistas da trama, eles conseguem realmente se encaixar nos
personagens e apresentar uma performance muito boa juntos, a Marie como uma
mulher poderosa e que utiliza de seu poder para usar os homens como objetos e o
Vincent que interpreta o típico machista que não sabe expressar seus
sentimentos.
O filme em si é uma crítica, a
forma que as mulheres são tratadas na nossa sociedade e de como movimento como
o feminismo, que luta pela igualdade de gênero, é diminuído e ridicularizado
até mesmo pelas próprias mulheres, isso é abordado no filme de uma forma bem
transparente. Esse longa foi uma surpresa para muita gente, por ser considerado
como comédia romântica e também pelo fato de ser um filme francês, mostrando
novamente que não se pode julgar o filme pelo país que ele vem e sim pelo
conteúdo apresentado nele.
O Público-alvo desse filme, por
se tratar inicialmente de uma comédia romântica, é para um público em geral,
porém, quando se vê que o filme se trata de uma grande crítica social, ao
máximo estrutural da nossa sociedade, é evidente que esse filme tem o público
alvo para as pessoas que são machistas, não só homens como mulheres também.
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